sábado, 31 de dezembro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

“As lágrimas amargas de Petra Von Kant”

Eu sempre fui fã do expressionismo alemão, quando descobri o chamado cinema novo alemão apareceu algo de novo, o chamado cinema de arte e revolucionado por vários diretores, entre eles um que é considerado até hoje o mestre de todos desta época: Rainer Werner Fassbinder, ou simplesmente, Fassbinder como é conhecido. “Petra Von Kant”, como ficou conhecido este filme produzido em 1.971, foi o primeiro filme dele que eu assisti, depois dele todos que já foram exibidos em várias Mostras em São Paulo eu assisti, todas as vezes. A maneira como é filmado, a interpretação dos atores, tudo é diferente e cativante. Este filme conta a história de uma estilista divorciada, que se apaixona por uma modelo. Mostrado em um tom dramático, sarcástico e as vezes engraçado, é um retrato da condição humana, da necessidade de ser amado e o medo da solidão, assuntos que sempre são abordados em sua intensa obra. Fassbinder morreu de overdose em 1.982, fato este que se tornou um marco no fim do Novo Cinema Alemão.
A primeira vez que assisti ao filme de Fassbinder, percebi que tudo que tinha visto antes ou era de péssima qualidade ou de gosto duvidoso, este filme foi inspirado numa peça também do mesmo autor e que foi produzida no Brasil. “Petra Von Kant” me fez entrar num circuito cultuado no mundo todo e que celebra a obra deste grande diretor de cinema.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

J. D. Salinger “ Para Esmé com amor e sordidez







1 – Contextualização:

            O propósito é fazer uma leitura crítica  acerca do conto “ Para Esmé com amor e sordidez” do escritor americano J. D. Salinger.
            Escrito a partir da experiência do escritor na II Grande Guerra, relata a historia de um soldado  e a vivência, isolamento, rotina, relacionamento e como um encontro com uma garota mudou a sua vida, o seu destino.
            Através deste encontro, ele soube o que é atenção, carinho, amor, fatores imprescindíveis para que ele saísse do marasmo, do estado de depressão, letargia  e indiferença causados pelo horrores da Guerra.
            A história se passa em uma época em que os Estados Unidos tinham se tornado uma superpotência e passado de simples colônia para um importantíssimo aliado da Inglaterra e dos países ocidentais no combate ao nazismo e ao fascismo (oriente e ocidente), os Estados Unidos tinham sido atacados pelo Japão que tentava ampliar seus domínios/fronteiras alvejando a base da marinha norte-americana na ilha de Pearl Harbor.
            O conto reflete e marca uma nova visão, uma nova forma de  abordagem do assunto (a guerra, a sociedade), esta nova maneira de reflexão e de exposição através da literatura foi chamada pelo próprio Salinger de “esqualidez”, segundo Bradbury (1991:139):

O naturalismo de agora era privado de conscientização idelógica e preferia pintar um mundo em trágica confusão , ou no que J.D. Salinger chamaria de “ esqualidez”, de proporções tão vastas que ficava fora do alcance de qualquer explicação.
                       
            Esqualidez, segundo o dicionário Aurélio: indigno , vergonhoso, obsceno, repugnante e etc. E Bradbury (1991 : 142) acrescenta a respeito da Guerra e a maneira que isso afetou  a vida e a obra dos escritores:

..não de surpreender que alguns dos melhores dos novos escritores fossem aqueles que tinham razões para considerarem-se sobreviventes e vítimas da guerra e do holocausto, e aqueles cuja inteira herança intelectual fora transformada pelos acontecimentos de 1941-5.

            É este momento,quando as pessoas têm seu destino afetados pela Guerra, impedindo-os de levar uma vida tranqüila e atingir seus objetivos que transcorre o conto, vidas alienadas, solitárias e inseguras materializadas na figura de um soldado norte-americano, mergulhado no horror e inferno da guerra e resgatado por uma garota através da sua astúcia, carinho, determinação, amor e solidariedade.

2 . Análise do Conto
Um soldado americano está em um campo de treinamento na Inglaterra e, após três semanas, quando estava prestes a retornar , dando uma volta pelo vilarejo ele observa umas crianças cantando no coral da igreja, dentre todas, a voz de uma criança se destacou , “ Sua voz destacava-se claramente dos demais... era a que mais soava mais doce, a mais firme e automaticamente liderava as outras vozes”.
            Esta mesma garota o surpreenderá com esta firmeza e liderança em  uma breve conversa em um café minutos depois, “ Só vim até sua mesa porque achei que você parecia extremamente solitário. Você tem um rosto muito sensível”
            A garota de apenas 13 anos, se comporta de forma adulta, com uma sensibilidade e postura que surpreende o soldado, e também a forma com que protege/controla seu irmão (mais novo), passa uma idéia de segurança, ordem, diante do marasmo e solidão representados na vida do soldado. Sobre o grupo de soldados com quem  faz treinamento,  ele diz : “ não havia um único sujeito capaz de fazer camaradagem com facilidade”, não seria este um traço típico não apenas do grupo de soldados mas, que na verdade poderia refletir toda a sociedade americana, preocupados com  a corrida armamentista, bem como o consumismo e sua superficialidade, tudo isso, em detrimento da família, do amor, das amizades? E  ele complementa,“cada qual tratava de seguir seu próprio caminho”. E ele também seguia seu próprio caminho de egoísmo e indiferença até a garota se dirigir à sua mesa no café.
            Diante desta vida solitária, em contato com outra cultura, ele um adulto, porém demonstra e reconhece sua  inexperiência acerca de miséria e sofrimento, ou mais precisamente sobre os horrores da guerra e da vida, ao que a garota cujos pais morreram na guerra os tem, e assim responde ao ser questionado por ela:  “Respondi que, a bem dizer,não tinha experiência própria do assunto”. Ao lidar com uma situação sui generis, sentir de perto os percalços da vida, deixa-se levar e ficar impressionado com a habilidade, inteligência, articulação   e desinibição de uma garota, a qual, demonstra segurança e experiência de vida.
Quando ele fala que escreve mas que nunca publicou seus livros, ela afirma que ele deve insistir em publicá-los e sugere:”Eu ficaria muito grata se algum dia escrevesse um conto para mim”, e sugere “Eu prefiro estória sobre sordidez e sofrimento”, ele não se dá conta de como esse encontro, essa atitude de alguém que lhe pareceria tão criança poderá mudar todo o seu futuro.
            E na hora da despedida, sentimos expressa a solidão, a marca que ficou em alguém taciturno, desprovido de atenção e carinho que de repente teve tudo isso de maneira tão breve e tão intensa “levantei-me da cadeira com um  misto de pesar e confusão”.
            Mas a garota com sua sensibilidade e maturidade aguçadas e também experiência, já que vive neste ambiente de guerra e teve a família dilacerada por ela “espero que você saia da guerra com suas faculdades mentais intactas” e ela será o fator preponderante para que isto ocorra.
Como Esmé previa, a guerra afetou profundamente a vida do soldado,  “ um jovem que não saíra da guerra com todas as faculdades mentais intactas”, “não conseguia enfiar papel na máquina de tanto que seus dedos tremiam”, e não foi apenas os horrores da guerra(mortes, bombardeio e etc.) mas a insegurança, a falta de atenção, de amor e de reconhecimento da situação em que se encontrava  pela própria  família e sociedade.
 Doente, sem dormir, sem se alimentar direito e vivendo sob  bombardeios ele sente agora o que é miséria e sofrimento, mas nenhuma guerra é tão cruel quanto a falta de carinho, amor e atenção, “Pais e mestres eu pergunto, o que é o inferno: Sustento que é a dor de não poder amar”.
Esta dor ele sente na indiferença da própria família, como se a própria nação norte-americana fosse um mundo isolado e a parte de tudo, estavam mais preocupados com o consumismo, aparência, superficialidade, observamos esse fato no pedido da família ao soldado “ agora que a droga da guerra acabou e você provavelmente tem tempo de sobra por aí, que tal mandar para os garotos umas baionetas ou umas suásticas...”.
Do inferno para o céu, esse é o que ele passa a sentir quando finalmente recebe a carta de Esmé, quando se sente acolhido, lembrado e amado, quando alguém finalmente se preocupou com verdadeiro bem estar , “ passamos juntos no dia 30 de abril de 1944, entre 3:45 e 4:15, caso você tenha esquecido”, tais palavras/detalhes , denotam carinho e atenção para alguém que se achava alijado de tudo isso.
Ela continua, “Charles e eu estamos ambos preocupados com você”, além das palavras de carinho e preocupação com o soldado/autor, ela envia também o tão estimado relógio “ você o aceitará como um talismã de boa sorte”, estes atos de extrema grandeza e ingenuidade em se tratando de uma criança, mas de extrema sensibilidade e inteligência, revelando-se atos de uma criança muito especial,  produziram/resgataram  uma sensação até então perdida, alguém que o conheceu por tão pouco tempo demonstrar tanto carinho, preocupação, afeto e ao mesmo tempo uma grande inocência, mas algo verdadeiro, algo que resgata  a vontade de viver, de superar esse desequilíbrio, essa fraqueza/disânimo, essa doença (indiferença com a vida), para alguém que não conseguia dormir, com este ato ele encontrou a paz , no corpo e no espírito, o prazer pela vida e pelas pessoas foi retomado, essa atenção o atingiu profundamente , “ Esmé e você verá que ele tem sempre alguma chance de se tornar outra vez um homem com todas as ....”
Esmé o trouxe de volta à vida, porém, a mesma vida de antes, mesmo se tornando um escritor( também em atenção ao pedido que ela lhe tinha feito), a sociedade permaneceu a mesma , sua superficialidade, sua hipocrisia, e o soldado/autor nela inserida , “ acontece que eu queria muito ir a esse casamento ....e nos decidimos contra a idéia”, ora ele poderia ter ido ao casamento de Esmé, mas não foi porque não quis, isto demonstra seu comodismo diante desta sociedade que por ele é criticada, neste momento tal fato  fica evidente que dela ele também faz parte e as vezes é conivente.

3 - Conclusão

O amor aqui representado nas formas de carinho, atenção e oriundo de um caminho verdadeiro, autêntico através de uma criança foi o fator transformador para tirar, resgatar o soldado a uma vida onde as suas faculdades mentais pudessem estar normais, ou seja, onde pudesse viver a vida como ela deve ser com esperança, empenho, carinho e respeito pelo semelhante.
Tal situação lembra o poema “ O Amor “ de Maiakowski, no qual ele exalta valores comuns na vida do cidadão que nem sempre são respeitados ou vividos de forma digna, valores que evocam a família como centro do bem estar, da paz, da vida. Ainda segundo o poeta, a guerra e a servidão como fatores de destruição de uma vida sadia e plena de paz e amor, valores que Esmé mostrou ao soldado. Abaixo segue trecho do poema adaptado por Caetano Veloso para um musical:


Ressuscita-me
Ainda que mais não seja
Por que sou poeta
E ansiava o futuro

Ressuscita-me
Lutando contra as misérias
Do cotidiano
Ressuscita-me por isso
Ressuscita-me
Quero acabar de viver o que me cabe
Minha vida
Para que não mais existam
Amores servis
Ressuscita-me
Para que ninguém mais tenha
De sacrificar-se
Por uma casa, um buraco
Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme
E o pai seja pelo menos o universo
E a mãe seja no mínimo a Terra
A Terra, a Terra

Esses valores( a própria vida, família, lar ) perdidos ou que talvez nunca os tenha tido, e alcançados/retomados  pelo soldado através da garota, talvez , pudessem ter sido encontrados no seio da família, na preocupação, na busca de notícias, na mínima demonstração de interesse e atenção,  não na alienação e indiferença.
 Esta” família” representada por Esmé, que mesmo sendo tão jovem, revela experiência, sabedoria e um incrível amadurecimento, detalhes percebidos pelos seus gestos e palavras, e com gestos tão puros e verdadeiros foram capazes de mudar a vida de alguém esquecido pelo mundo/família.
As vezes não damos importância a gestos simples, como um cumprimento ou telefonema, sermos sinceros com as amizades e respeitar o sentimento das pessoas , retribuir, estar do lado, são gestos que fazem diferença independentemente do lugar ou época, pois, a vida para ser vivida em sociedade, em harmonia, com nossa família, nossa comunidade, o respeito, a valorização das relações são fundamentais para o bem estar da carne e do espírito.
Como escreveu o escritor francês Georges Perec, “ a vida nos dá tudo isso e convém a nós, dizer sim a ela , à vida”, a indiferença, o isolamento não nos leva a nada, um simples gesto, seja de carinho ou atenção poderá muita na nossa vida, como foi na vida do soldado.

Resenha do livro “ Ensaio sobre a cegueira”








“ Ensaio sobre a cegueira” foi escrito pelo escritor português José Saramago, fui levada pela curiosidade e instigada por amigos que acharam o livro estranho, uma leitura difícil e ao mesmo tempo desafiador, complicado e libertador.
            A história de uma espécie de praga (cegueira) que vai se alastrando por uma cidade, vai nos dando a impressão de algo que pode nos atingir a qualquer momento, tamanho a crueldade e frieza com que o escritor vai colocando os fatos no livro, algo que vai passando para dentro do leitor e o que vai nos levar a pensar o que ele quer dizer com isso? Esta doença vai fazer com que nós reflitamos sobre a pobreza, o respeito com nossos semelhantes, o amor ao próximo, gratidão, os governantes e seu egoísmo e falta de respeito pelos princípios da vida humana e do meio ambiente.
            Os personagens não tem nomes, são descritos nos livros pelas suas características como, o médico, o primeiro cego, a mulher do primeiro cego etc..., e como estes vários outros personagens vão aparecendo e mostrando através das suas ações, sofrimentos todas as mazelas que afetam a nossa sociedade, como avareza, a indiferença a tudo que nos acontece, parece que estamos  tão acostumados com tantas atrocidades no nosso dia a dia que através desses personagens nos enxergamos e o autor nos traz a realidade novamente.
            Após ler este livro, é impossível não refletir sobre a nossa realidade, a realidade do leitor e, se tornar mais crítico no seu dia-a-dia, passar a se preocupar com seus amigos, familiares, o bem estar de todos que nos cercam, da pobreza, dos mais necessitados e injustiças e sermos cada vez mais críticos com nossos governantes e suas políticas de favorecer sempre as elites que os sustentam no poder.

domingo, 18 de setembro de 2011

As asas do desejo




“ As asas do desejo” foi o maior êxito de Win de Wenders, digo, comercialmente, mas isso não vale para sua obra , cuja qualidade está muito acima do comercial e é dirigido a um público muito específico. Numa Berlim povoada de anjos, onde certas cenas são simplesmente fantásticas, quando anjos ouvem o desespero de certas pessoas e a todo custo tentam ajudá-los, o filme nos prende pela sua beleza e lirismo, a fotografia, a interpretação dos atores e a trilha sonora. Wenders adaptou vários livros para cinema de autores como Peter Handke e Patricia Highsmith. Inclusive o roteiro de “As asas do desejo “ é de Peter Handke. Conta a história de um anjo que se apaixona por uma trapezista, as peripécias e controvérsias de um anjo se adaptando a uma nova condição (humana) em nome do seu amor. Impossível não se emocionar quando uma nos mostra um dos lugares mais povoados de anjos, a biblioteca.
Continuando a minha busca pelo cinema alemão, mas não procurando um seguidor de Fassbinder, fato impossível de ser alcançado, durante um bom tempo Wenders dominou a cena dramática com o cinema de autor, o diretor que ganhou fama de início com “Paris, Texas” não deu continuidade a sua obra, hoje leciona numa faculdade na Alemanha mas deixa um legado importante para a sétima arte.

Intelectual e ficcionista

Jean Paul Sartre, ensaísta, filósofo, ficcionista e dramaturgo , autor do célebre livro “ O ser e o nada” e também do não menos famoso “ A náusea”, livro este que o lançou no mundo intelectual. Considerado um dos nomes mais importantes da intelectualidade francesa, famoso por seu relacionamento com a escritora Simone de Beauvoir, Sartre, foi militante de esquerda e sempre questionou os valores burgueses engendrados na sociedade francesa que , segundo ele, impedia a democracia, ou seja, o direito de todos os cidadãos franceses terem uma vida digna.
            “O Muro “ foi escrito pouco antes da Segunda Guerra Mundial, nas cinco narrativas deste livro, Sartre critica a existência burguesa e seu esforço para manter-se no poder, é uma crítica radical dos valores vigentes, os preconceitos . É uma crítica à falta de compromisso da burguesia com a realidade,aos preconceitos raciais e sexuais, como se estivesse antevendo o que todo esse poder acumulado pela farsa da burguesia poderia levar, ou seja, ao caos , a guerra. Sua preocupação com a moral, estética e literária ficam claras nas narrativas , bem como  o seu “ existencialismo” ou seja , o homem como princípio e fundamento para a solução dos problemas que o aflige.
            As obras de Sartre sempre me causaram curiosidade e me faziam praticamente “devorar “ seus livros, e tudo começou com “ A idade da razão”, impressionante com sua temática, especialmente em “O Muro” permanece atual, ao falar de vários preconceitos impregnados na sociedade, e a maneira como certas camadas da sociedade ainda tenta manipular a maioria para manter seu status e poder.

sábado, 10 de setembro de 2011

Saindo do nosso espanto






O silêncio que mora na floresta é tão profundo, tão sereno,que parece eterno. Feito das vozes baixas, dos murmúrios, dos movimentos rítmicos dos vegetais, é completo e absoluto na sua perfeita harmonia. Se por entre as folhas secas amontoadas no solo se escapa um réptil, então o ligeiro farfalhar delas corta a doce combinação do silêncio; há no ar uma deslocação fugaz como um relâmpago, pelos nervos de todo o mato perpassa um arrepio, e os viajantes que caminham, cheios da solidão augusta, voltam-se inquietos, sentindo no corpo o frio elétrico e instantâneo do pavor...Extraordinário. A sensação que aqui recebemos é muito diferente da que nos deixa a paisagem européia. Aqui o espírito é esmagado pela estupenda majestade da natureza...Canaã (Graça Aranha).

O momento da escolha


Desde a adolescência, minhas palavras favoritas são memória e escolha, quando a vi pela primeira vez, em 2006, meu coração ficou temeroso mas, havia a expectativa do que viria. Voltei no tempo por muitos anos,  quando a peguei nos braços  naquele momento tudo mudou. Unidas a 5 anos, vivo da escolha concretizada  tendo junto a mim e compartilho das memórias de meu passado  e de nosso primeiro abraço.  Adoção é mais que um ato de amor , diria que é uma transcendência . Da mami com carinho. Filha eu te amo.